Estudar as nossas raízes faz parte de um processo de autoconhecimento...

Estudar as nossas raízes faz parte de um processo de auto-conhecimento...

Pretende-se que este blogue se materialize num importante contributo para o estudo das famílias do Alentejo, com especial incidência nas zonas de Borba, Estremoz, Vila Viçosa, Alandroal e Redondo.





“A genealogia não deverá tornar-se num processo dissimulado de busca obsessiva por gente nobilitada, socialmente distinta, mas antes como um veículo facilitador do conhecimento e apropriação do modo de vida daqueles que, independentemente do seu estatuto social e da sua condição económica, representaram o elo de uma corrente - a mesma que só tomou forma porque cada elo esteve em dado momento no seu lugar, com maior ou menor bravura, maior ou menor sofrimento e espírito de sacrifício, mais ou menos propósito, simplesmente teve a nobreza e o dom, que mais não fosse, da sua própria existência… e creiam que à medida que vou envelhecendo, vou proporcionalmente tomando maior consciência da importância e necessidade de “genealogia” e “humildade” caminharem sempre de mãos dadas…”

__________________________________________________________________________ O Autor





Leitão

Leitões
de Redondo

                                                           Por: Luís Projecto Calhau


Cap. I

1 – Rui Mendes (Leitão)[1], nasceu em data próxima de 1490 em local que não apurámos. Viveu em Vila Viçosa, tendo nessa localidade sido sepultado, na sepultura de Leonor Mendes, mulher de Gonçalo Mendes, na Igreja Matriz, que estava (em 1582, data do testamento do seu filho Francisco Mendes) pegada à Capela das Pombas.
Ignora-se com quem casou, mas sabe-se que teve, pelo menos, os seguintes filhos:

1.1. Francisco Mendes, nasceu em data próxima de 1520, provavelmente em Vila Viçosa. Segundo parece, terá vivido em Borba[2]. Faleceu em Redondo a 10.7.1582, com testamento.
Instituiu uma Capela na Misericórdia do Redondo, dotando-a com todos os seus bens e impondo a obrigação de uma missa em dia de N. Sra. da Conceição. Para Primeiro administrador da referida Capela chamou o sobrinho Gaspar, filho do seu irmão Jorge Mendes Leitão.
No seu testamento refere que era proprietário da Herdade dos Leitões, que diz pertencer ao termo de Sousel, e que julga herdada de seus avós.
Refere ainda uma tia chamada Maria da Trindade, freira, dois cunhados, um chamado Rui Lobo e o outro Cristóvão Mendes, uma sua criada chamada Maria Fernandes, um sobrinho de nome Rui Mendes, filho da sua irmã Leonor Mendes, um outro sobrinho também chamado Rui Mendes, filho de outra sua irmã de nome Maria Mendes, um seu compadre chamado António Lopes, que tinha um filho chamado Mateus Lopes.

Ignora-se com quem casou[4], mas refere, no seu testamento, os seguintes filhos:
1.1.1. Rui Mendes, s.m.n.
1.1.2. Jorge Godinho, s.m.n.

1.2. Maria Mendes, que casou com N e teve:
1.2.1. RUI MENDES, s.m.n.

1.3. Catarina Vaz, s.m.n.

1.4. Leonor Mendes, que casou com N e teve:
1.4.1. RUI MENDES, s.m.n.

1.5. Jorge Mendes Leitão[5], que viveu no Redondo. Casou com N e teve:
1.5.1. GASPAR MENDES LEITÃO, que nasceu cerca de 1544, foi Cavaleiro Fidalgo da Casa Real e o primeiro administrador da Capela instituída por seu tio, Francisco Mendes.  Foi provedor da Misericórdia do Redondo. Viveu no Redondo, onde em 1612 fez petição a João Pestana de Sequeira, Juíz ordinário da vila, para lhe passar uma certidão[6] para:

“"...justificar em como era muito nobre e principal e cristão velho sem raça alguma, filho e neto de pais nobres e principais que precediam de fidalgos de linhagem, e como lhe fizera o Sr. Cardeal Rei Dom Henrique (Capitão ou Governador ?!) de Noudar o Castelo da dita vila por prisão de um livramento e que fora Capitão de uma Companhia de trezentos homens muitos anos, por ordem do Sr. Rei D. Sebastião, e que seus sobrinhos e primos co-irmãos eram parentes e nobres e fidalgos de linhagem, e que ele se tratava com criados, escravos e cavalos, como fizeram seus pais e avós, pedindo (sic) juíz mandar perguntar às pessoas mais antigas de mais verdade crédito e respeito, e ordenasse se (ele ou lhe ?!) (sic) um (cristrom?!) de seus (dos ?!) (sic) (sic) (sic) pessoas de quarenta e quatro e setenta anos, de que se passou um instrumento feito por Francisco Lobo, tabelião do Judicial e Notas, que conserva o original seu 4. neto Pedro Gomes Castanho, e assim dito (sic) como os testemunhos o nomeavam nos seus herdeiros, e na (autuação ou actuação) pelo Sr. Gaspar Mendes Leitão, que indica bem da sua nobreza e respeito."

Viveu numa morada de casas de baixo da Rua de Évora, que confrontavam com as casas onde viria a residir o Capitão-mor de Redondo Manuel Cardoso Caldeira e com outras onde viria a residir um Cristóvão Mendes Leitão (seu neto ou seu filho)[7].

Em 1564 foi inscrito na Confraria da Misericórdia de Redondo um Gaspar Mendes, certamente o dito Gaspar Mendes Leitão, sendo então provedor Teodósio Leitão, provavelmente seu parente [8].

Teve, pelo menos, uma escrava chamada Madalena que teve, por sua vez, uma filha chamada Úrsula – baptizada na Matriz de Redondo em 14.07.1609.

Gaspar faleceu, na vila de Redondo, a 19.12.1629. Foi sepultado na Igreja Matriz de Redondo, onde existe ainda existe uma sepultura rasa em mármore com a seguinte inscrição em português arcaico:

"S.a de GVASPAR MENDES LEITAN E DE INES DOLIVA S.Mo.O QOAL FALESEO A DEZANOVE DEZENBRO DE 1629 ANOS"

Gaspar Mendes Leitão casou com Inês Camacho de Oliva, filha de Lopo de Oliva, cavaleiro fidalgo da Casa Real e provedor da Misericórdia de Redondo [11] e de sua mulher Isabel Gonçalves. Tiveram filhos:

1.5.1.1. Cristóvão Mendes Leitão, que casou com Antónia da Silva, filha de Francisco Gomes da Silva e de Isabel Duarte, c.g.


1.5.2. JOÃO LEITÃO DE PORCELOS, que casou Francisca de Padilha e, em segundas núpcias, com D. Isabel Freire, filha de Jorge da Silva e de Leonor Mendes, neta paterna de Gonçalo de Silva (foi à conquista de Azamor com o Duque D. Jaime. Segundo o Pe. Manuel Fialho "Genealogia de quase todos os apelidos de Portugal" Tit. de Silvas, de Redondo, era criado do Duque de Bragança D. Gomes.. ), c.g.

1.5.3. CATARINA LEITÃO, que casou com Fernão de Landim, de Estremoz, filho de outro Fernão de Landim e de Guiomar Fernandes,  que tirou C.B.A [12], c.g.




[1] Certamente aparentado com Estêvão Leitão, natural de Sousel, escolar em Leis, que foi nomeado em 1466 por D. Afonso V para procurador dos Juizes e Justiças na Comarca e Correição de Entre-Tejo-e-Guadiana.
[2] Segundo  a obra "Principalidade Alentejana", de  Gonçalo de Mello Guimarães, Título: Leitões, do Redondo);
[4] Existem Leitões em Vila Viçosa, pelos finais do séc. XVI e principios do séc. XVII, com nomes semelhantes ou iguais aos referenciados em Redondo, que podem deduzir um parentesco próximo.
[5] Alão de Morais, na Pedatura Lusitana, Tomo III, Vol. II, pág. 37 (Tit. Rodrigues, de Vila Viçosa) faz referência a um Jorge da Silva Leitão, de Redondo.
[6] Segundo o nobiliário de Belchior de Andrade Leitão "Famílias do Reino de Portugal" depositado na Biblioteca da Ajuda;
[7] Segundo manuscrito existente no Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Redondo;
[8] Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Redondo, L.68;
[9]  Nobiliário de Famílias de Portugal, de Felgueiras Gayo, no título "Mouros", Vol. XI, pág. 130;

[10] In Memória de Vila Viçosa, Pe. Joaquim Espanca, L.35, pág. 59;

[11] Gonçalo de Mello Guimarães (Principalidade Alentejana) chama-lhe Luís de Oliva, mas considerando que uma das fontes que cita é o Nobiliário de Famílias do Reino de Portugal, de Belchior de Andrade Leitão, e que o mesmo já foi por nós consultado, o qual refere Lopo de Oliva e não Luís de Oliva, considerámo-lo por essa razão Lopo de Oliva, no pressuposto de que se tivesse tratado de equívoco de leitura de Gonçalo de Mello Guimarães. Vide  tb: Memórias de Vila Viçosa, do Pe. Joaquim Espanca, L.33, fl.11, que fala de um Isabel de Oliva, quem sabe se se referia a uma descendente de Lopo de Oliva.
[12] NFP-Gayo, Título "Landins";

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